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Curso: Análise Sintática: Gramáticas, Parsing e...
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Gramática BNF

A Gramática BNF é uma gramática livre de contexto usada para definir formalmente a sintaxe de linguagens de programação. Ela fornece uma maneira organizada e padronizada de descrever como os elementos de uma linguagem podem ser combinados para formar sentenças válidas. Por ser clara e precisa, a BNF é amplamente utilizada no desenvolvimento de compiladores, interpretadores, analisadores sintáticos e ferramentas de validação de código. Além disso, entender a BNF ajuda programadores e projetistas de linguagens a compreender a estrutura interna das linguagens e criar novas linguagens de maneira sistemática.

Principais Componentes da Gramática BNF

         1. Símbolo Inicial

        • É o ponto de partida da gramática, representando a estrutura principal da linguagem.
        • A partir dele, todas as sentenças válidas podem ser geradas.
        • Exemplo: <expr> para expressões ou <stmt> para comandos.

2. Símbolos Não-Terminiais

        • Representam categorias ou estruturas intermediárias da linguagem.
        • Sempre colocados entre < >, como <expr>, <stmt> ou <term>.
        • Servem para construir regras mais complexas e podem ser expandidos em combinações de outros símbolos.
        • Exemplos de uso: uma <expr> pode ser formada por <term> ou pela soma de duas expressões <expr> “+” <term>.

3. Produções

        • Regras que definem como um símbolo não-terminal pode ser substituído por outros símbolos não-terminais e terminais.
        • Indicadas pelo símbolo ::=.
        • Permitem criar estruturas complexas a partir de elementos simples.
        • Exemplo: <expr> pode ser uma soma de <expr> e <term>, ou apenas <term>.

<expr> ::= <expr> “+” <term> | <term>

4. Símbolos Terminais

        • Elementos básicos da linguagem que aparecem literalmente no programa.
        • Exemplos: números (0, 1, 2,…), operadores (+, *), palavras-chave (if, while) e caracteres (a, b).
        • Terminais não podem ser substituídos por outros símbolos, sendo a “matéria-prima” do código.
        • Exemplo de Gramática BNF para Expressões Aritméticas Simples
          <expr>   ::= <term> | <expr> “+” <term>
          <term>   ::= <factor> | <term> “*” <factor>
          <factor> ::= <number> | “(” <expr> “)”
          <number> ::= “0” | “1” | “2” | “3” | “4” | “5” | “6” | “7” | “8” | “9” 
          • <expr> é o símbolo inicial, que representa a expressão completa.
          • <term> e <factor> são não-terminais que ajudam a estruturar a expressão em partes menores.
          • <number> e os operadores (+, *, (, )) são terminais, elementos que aparecem diretamente no código.

Aplicações e Importância da BNF

1.Desenvolvimento de Compiladores e Interpretadores

A BNF define exatamente como o código deve ser estruturado, permitindo que o compilador ou interpretador entenda corretamente o programa.

2.Validação e Geração de Código

Com base na BNF, é possível verificar se sentenças do código são válidas ou gerar código automaticamente seguindo a sintaxe definida.

3.Aprendizado e Projeto de Linguagens

Facilita o entendimento de linguagens existentes e a criação de novas linguagens de programação, garantindo consistência na sintaxe.

4.Documentação Formal

Linguagens amplamente usadas, como C, Java e Python, possuem suas definições sintáticas documentadas em BNF ou variantes dela, servindo como referência para desenvolvedores e pesquisadores.

Nos materiais complementares, há exemplos de BNF de miniJAVA, uma versão simplificada da linguagem Java. O miniJAVA mantém os conceitos centrais da linguagem original, como declaração de variáveis, expressões aritméticas, comandos de controle (if, while) e chamadas de métodos, mas reduz a complexidade, permitindo que os alunos compreendam a estrutura da linguagem sem se perder em detalhes avançados.

A BNF aplicada ao miniJAVA serve para formalizar a sintaxe dessa linguagem simplificada, definindo de forma clara quais combinações de símbolos são permitidas e como construções mais complexas podem ser formadas a partir de elementos básicos. Por exemplo:

  • Declaração de variáveis: <declVar> ::= <tipo> <ident> “;”

  • Comandos condicionais: <stmt> ::= “if” “(” <expr> “)” <stmt> [“else” <stmt>]

  • Laços de repetição: <stmt> ::= “while” “(” <expr> “)” <stmt>

  • Expressões aritméticas: <expr> ::= <expr> “+” <term> | <term>

Com essa abordagem, os alunos podem visualizar de forma prática como a gramática define a linguagem, garantindo que apenas programas sintaticamente corretos sejam reconhecidos pelo compilador ou interpretador. Além disso, o miniJAVA fornece um ambiente controlado para experimentação, permitindo testar a aplicação de regras BNF em diferentes contextos, como expressões, comandos e blocos de código, sem a complexidade total da linguagem Java completa.

Em resumo, o miniJAVA é uma ferramenta didática poderosa para entender a relação entre gramática, análise sintática e construção de compiladores, demonstrando de forma concreta como a BNF organiza e valida a estrutura de uma linguagem de programação.

Materiais de aula